domingo, 22 de julho de 2012

Jornal da Metrópole grita: HERÓIS PEDEM SOCORRO

RETIRE A TEIA do Homem--Aranha ou os poderes do Super-Homem e o trabalho desses super-heróis ficará tão difícil quanto o dos agentes do Corpo de Bombeiros da Bahia. Em condições no mínimo vergonhosas, os brigadistas têm de fazer milagres diariamente. Em grandes incêndios como o que atingiu o Instituto do Cacau, na última segunda-feira (16), é que toda a fragilidade dos equipamentos disponibilizados para os agentes é exposta e a população se vê desprotegida.

No incêndio, o Corpo de Bombeiros não pôde contar com nenhuma das quatro escadas de 45m e 50m de altura para debelar as chamas que consumiam o histórico Instituto do Cacau e ainda sofreram com de hidrantes na região e de água no início da ocorrência.

De acordo com o cabo Antonio Carlos Silva, diretor da Associação dos Praças, os equipamentos já estão quebrados há mais de um ano. “Temos vários problemas com expansores, tesouras e com o material de desencarceramento, aqueles que são usados na hora da retirada das pessoas das ferragens”, diz.

Segundo um agente do 1º Grupamento do Batalhão, na Baixa dos Sapateiros, as três horas para o controle das chamas que atingiram o 3º e 4º andares do prédio no Instituto do Cacau poderiam ter sido menores. “Se tivéssemos um carro que temos aqui e está parado, seria um tapa”, conta o bombeiro, que não quis se identificar.

Salvar que não Salva

Com a criação do Sistema de Atendimento Móvel de Urgência (Samu-192), as ambulâncias do Salvar caíram no esquecimento. Os equipamentos, que deveriam ajudar o serviço municipal, foram sucateados. “Nossas ambulâncias não têm médicos e só fazem atendimento para traumas”, afirma Antonio Carlos. Ainda segundo ele, apenas três ambulâncias estão em operação em Salvador, e uma delas acabou sendo apelidada entre os funcionários de “Caveirão”, por conta das condições de precariedade.

Outros problemas apontados pelos agentes são a falta do curso de condutor de veículos de emergência para os motoristas das poucas viaturas disponíveis e de um mapa com a localização dos hidrantes, que dariam celeridade para a contenção de incêndios.

Bombeiros desvalorizados

Mesmo trabalhando em uma situação de risco à integridade física, os agentes do Corpo de bombeiros não ganham adicional por insalubridade e periculosidade. “A gente encontra muitos problemas com pessoas com doenças infecto--contagiosas, com materiais perfuro-cortantes. Eu mesmo já fui contaminado por sangue e tive que ir para o [Hospital] Couto Maia”, conta Antonio Carlos.

De acordo com um agente que não quisse identificar, o processo para o pedido do bônus oferecido a profissionais que arriscam a integridade física durante o trabalho já está na Justiça há seis anos, e não há expectativa para que o julgamento aconteça. O mesmo problema também foi levantado por ele quanto ao plano de carreiras. Procurado pelo Jornal da Metrópole, o Corpo de Bombeiros não quis falar sobre os problemas.

 “Apagamos fogo na raça”

A rotina de trabalho dos profissionais do Corpo de Bombeiros, que trocam de turno a cada 24 horas, exige um local com o mínimo de condições de conforto e higiene. No entanto, não é isso que acontece na sede do 1º Grupamento, localizado na região da Baixa dos Sapateiros.

“As instalações físicas estão em decadência e caindo água em tudo. Quando a gente chega de um incêndio da proporção do Instituto do Cacau ou da Oi, você não tem  nem espaço para descansar”, afirma um funcionário do 1º GB, que continua: “Estamos apagando fogo na raça. Não temos suporte para fazer um trabalho de qualidade”.

De acordo com Antonio Carlos, que trabalha no 3º GB, localizado no Iguatemi, a situação dos alojamentos é um pouco diferente. “A estrutura não é das melhores, mas tem banheiro e ar-condicionado”, conta.

1º Grupamento dos Bombeiros, na Baixa dos Sapateiros, tem instalações decadentes e problemas nos alojamentos.

Apenas uma viatura e um carro-pipa

 As labaredas que chegaram a 6 metros de altura no incêndio que atingiu o depósito da Farmácia Santana, na madrugada de 20 de dezembro de 2011, só começaram a ser contidas duas horas depois do início do fogo. E, mesmo assim, por somente um carro do Corpo de Bombeiros e um carro-pipa.

De acordo com agentes, os produtos químicos no local dificultavam o serviço. Havia também a apreensão de que o fogo se espalhasse para o estacionamento de um prédio ao lado do depósito. O trabalho dos bombeiros durou 14 horas e o local foi todo destruído.

Para a Insinuante, faltou água

Quem estava em bairros próximos ao município de Lauro de Freitas na manhã do dia 10 de abril de 2012 pôde ver as labaredas e a grande quantidade de fumaça do incêndio que atingiu o galpão da loja Insinuante.
Por conta da falta de água que atingiu Salvador e Região Metropolitana naquele dia, caminhões-pipa do Polo Petroquímico foram encaminhados ao local para ajudar a conter as chamas. Somente seis horas após a chegada dos Bombeiros o fogo foi controlado. A loja estava fechada quando o incêndio começou e não houve feridos.

Na Oi, 20h de trabalho

Foram necessários cerca de dez carros do Corpo de Bombeiros para combater as chamas que consumiram o prédio da operadora telefônica Oi, no bairro do Itaigara, no dia 21 de dezembro de 2010.

Numa demonstração da ineficiência dos equipamentos dos bombeiros, só depois de 20 horas de trabalho as chamas foram controladas. Não houve feridos, mas três bombeiros tiveram que ser encaminhados ao hospital por terem inalado fumaça no local.

A demora em apagar o fogo contribuiu para uma pane nas telecomunicações da Bahia e de Sergipe, tirando do ar até o telefone 190, da Polícia Militar

Nenhum comentário:

Postar um comentário